Orbit Recomenda - De 14 a 20/7
Ulisses e Ké Zeti andam pelo mundo, um porco-espinho celebra seu lar. Maranhão, Japão e outras maravilhas.
“Em qualquer esquina, eu paro
Em qualquer botequim, eu entro
Se houver motivo, é mais um samba que eu faço.
Se quiserem saber se eu volto, diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim”
Bom dia comunidade;
Como andam vocês ? Aqui a gente anda com rodinha nos pés, querendo cair nesse mundo bom antes que ele acabe. Um certo espírito de aventura, quem nunca?
Crônica de uma vida boêmia errante, “Diz que Fui Por Aí” surgiu em 1964 feita por Zé Keti (quem não sabe quem foi Zé Keti não passa de ano!) e gravada por Nara Leão no primeiro disco da cantora. Intitulado simplesmente “Nara”, o disco era uma mescla de bossa nova com sambas de raiz diferente de quase tudo o que se ouvia então. “Eu quero cantar toda música que ajude a gente a ser mais brasileiro, que faça todo mundo querer ser mais livre e ensine a aceitar tudo, menos o que pode ser mudado”, dizia ela no show “Opinião” que faria história naquele ano.
É essa mulher que morreu tão cedo, aos 47 anos, a homenageada do show que Veronica Ferriani apresenta no sábado na Casa de Francisca, revisitando (sem imitar!) o repertório maravilhoso da cantora carioca que ajudou a formá-la. A gente está apostando que vai ser bonito.
Falando em revisitas (sim, a gente adora), não tem nada menos do que o clássico de Homero na releitura “Odisseia: Instalação para um retorno”, do iluminador e diretor Caetano Vilela. Misturando música, audiovisual, tecnologia, o espetáculo-performance inaugura o novo Teatroiquè, no Butantã, uma sala com 12 metros de altura localizada dentro de um estúdio de cinema. Que alegria, um teatro novo (e ainda grande!) para a cidade. Dessas novidades que fazem a gente querer viver mais.
Enquanto isso, uma seleção primorosa de artistas contemporâneos do Maranhão desembarca no Jardim Europa. Vocês conhecem São Luiz? A gente nunca foi. Mas para além dos Lençois que a gente tanto namora por fotos, daquela terra brota muito artista bom: Gê Viana (selecionada para a próxima Bienal), Thiago Martins de Melo, Gê Viana, Marconi Moreira… esses e ouros reunidos na exposição “Maranhão na Jamaica”, fruto da parceria entre as galerias Lima (de lá) e Martins&Monteiro (daqui). Papa finíssima.
E até 31 de julho tem “Japão na Tela”, uma mostra de filmes japoneses, com 22 títulos feitos entre 1949 e 2010 em sessões gratuitas no CCBB. Se o filme servir de gatilho gastronômico dá para sair do prédio na Sé e esticar correndo para Liberdade. Tipo de combo que a gente adora fazer.
Por fim, um retorno – toda Odisséia, afinal, termina. Centro de um espetáculo infantil de bonecos, Nino Porcupino é um porco-espinho que nutre um amor profundo pelo seu humilde lar. A Raposa, o Lobo, o Urso e o Javali não entendem o porquê de Nino ser tão apegado à sua modesta casa. Mas a gente entende muito bem. Intercalados com intervenções cômicas dos atores do Grupo Tropeçaria, o espetáculo é inspirado no livro infantil “Ježeva Kućica” (“A casa do porco-espinho”), do iugoslavo Branko Ćopić, publicado em 1951.
Saber partir, saber voltar. Não é disso que se trata?
Ótima semana para todos nós
Gabriela Longman
Lígia Ishida
Editoras do Guia Orbit