Orbit Recomenda – de 14 a 20/4
Percussão, seres imaginários e obras de arte sobre a memória antes que chegue a Páscoa.
Bom dia comunidade;
Como estão vocês por aí? Essa não é uma newsletter sobre Páscoa, ovos e ressurreições, ainda que estejamos todos mais ou menos nesse espírito, com um feriado longo que se aproxima.
Essa semana é uma como as outras? Sim e não. Sim, porque, como toda segunda-feira, a gente ronda a programação cultural para pinçar com nossos dedos cirúrgicos aquilo que a gente acha que merece ser visto, ouvido, discutido nessa São Paulo. Não, porque a gente vai fazer isso comendo mais açúcar do que o habitual – tem um post sobre chocolates excepcionais sendo gestado para o nosso IG – e porque quem não viajar no feriado merece uma plataforma cheia de boas sugestões na cidade com ou sem criança, bacalhau, almoço de família e aquela coisa toda.
Isso dito, começa essa semana um projeto novo da Casa Natura dedicado ao jazz brasileiro. Com curadoria da Música para os Ouvidos, do músico e produtor cultural Felipe do Amaral, a série de encontros em plena quarta-feira abre com Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum homenageando Trem das Cores de Caetano. Com a ideia de reproduzir um pouco “a sala de casa”, a pista habitual dá lugar a mesas, tudo mais intimista. Vamos lá ver, achando que vai ser bem lindo.
Música para outros ouvidos: primeiro grupo de percussão a ganhar o Grammy (2017), o Third Coast Percussion aterrissa seu som finíssimo em duas apresentações no Cultura Artística. Em 2004, os membros originais Anthony Calabrese, Robert Dillon, Jacob Nissly e David Skidmore eram todos percussionistas da Orquestra Cívica de Chicago, além de estudantes da Universidade Northwestern, e foi ali que formaram um grupo de percussão paralelo que começou a se apresentar em escolas públicas e faculdades da cidade. De lá para cá, são duas décadas de composições próprias, parcerias e apresentações nos grandes festivais e salas do mundo. Vamos lá ver, achando que vai ser, no mínimo, irreverente.
Na Barra Funda, na galeria Isabel Pinheiro (alguém se lembra quando ela se chamava Virgílio e ficava lá no cantinho fechado da rua Virgílio de Carvalho?), o curador Mario Gioia reuniu um conjunto de obras e artistas que repensam o histórico gênero da paisagem, vários deles com (justificadas!) preocupações ambientais numa exposição com título que sai de um trecho do escritor Agualusa “A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento”. Dona de um livro lançado há pouco pela Martins Fontes, Naira Pennacchi está entre a/os artistas ali em exibição. Experimente emendar com um pastel de polvo ou caldinho de peixe (sim, tem isso) no Sururú, boteco bom ali nos arredores.
Enquanto isso, o Sesc Pompéia recebe apenas quatro apresentações de Telúrica, , peça da Cia. Teatral Ueinzz, dirigida por Elisa Band. Acompanhados de música ao vivo, 23 atrizes e atores em cena experimentam línguas estrangeiras, coreografias, narrativas ziguezagueantes sobre seres que povoam a Terra – ancestrais, invisíveis, minúsculos, imaginários. Nem tudo pode ser realismo, concordam? Espetáculo para quem não tem medo de colocar um pézinho na fantasia, no delírio, no encantatório.
De vez em quando a gente fala aqui do Galpão dos Bonecos, porque é raro achar um lugar tão atento às crianças e suas necessidades. Eles fazem diversas atividades, entre oficinas e apresentações, mas nossa atenção se volta agora para o novo espetáculo “Floresta Viva” sobre a amizade entre uma abelha e uma formiga.
É isso. “Come chocolates, pequena. Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!”. De Fernando Pessoa às formigas falantes, seguimos girando nossa órbita. Se você gosta do que a gente faz, estamos abrindo a assinatura paga da news (conteúdo bem feito custa tempo, neurônios, massa cinzenta...). Se você achar que faz sentido, vire nosso apoiador.
Ótima semana para todos nós
Gabriela Longman
Lígia Ishida
Editoras do Guia Orbit