Bom dia comunidade;
Como estão vocês por aí?
Por aqui a gente viu um même maravilhoso: um diagrama de intersescção entre festa junina e terceira guerra mundial, com a indicação: “você está aqui”. Tempos tensos, né? A gente vai respirando para tentar driblar as enxurradas de fake news, discursos de ódio de todos os lados e os nossos próprios medos (imensos!) sobre os rumos do mundo.
Isso dito, vamos para a cidade porque depois de vários dias cinzas tem um solzinho bom de junho nos esperando lá fora, e a vida cultural é uma lufada de ar fresco.
No próximo final de semana tem Festival Turá, um dos encontros anuais da cidade com a música brasileira. O line-up deste ano está especialmente anos 1990: Samuel Rosa, Gabriel o Pensador e até SPC. O que é que eu vou fazer com essa tal nostalgia? Em todo caso, Seu Jorge, Criolo, Forró das Minas fazem a gente querer estar por la, principalmente no sábado.
Mas o que é imperdível mesmo é a exposição do CCBB consagrada à década anterior, “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil” com cerca de 300 obras de mais de 200 artistas (sim, os números são hiperbólicos). A curadoria de Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo e mostra junta obras mas também revistas, panfletos, capas de discos e objetos icônicos de uma geração particularmente envolvida em novos projetos de país e cidadania, com cinco núcleos conceituais nomeados a partir de músicas do período: "Que país é este" (1987), "Beat acelerado" (1985), "Diversões eletrônicas" (1980), "Pássaros na garganta" (1982) e "O tempo não para" (1988). Bota essa trilha para tocar e só vai.
Um ascensorista, uma executiva ambiciosa, um porteiro que sonha em ser um policial. A solidão das grandes cidades orienta “Claustrofobia”, solo de Márcio Vito com texto de Rogério Corrêa e direção de Cesar Augusto. Vencedor do Prêmio Shell de melhor cenário (é lindo mesmo), a peça coloca uma lupa nos pensamentos e preconceitos que separam as personagens, ao mesmo tempo que revela as semelhanças entre eles. Bonito de ver.
Na sexta (27) tem um projeto que a gente adora, o Cineclube Lacan, exibindo um filme que a gente também adora, o “Fale com Ela” (2002) do Almodóvar. Quase todo mundo já viu, a gente sabe. Pois revejam, porque só aquela cena do Caetano cantando “Paloma” e os takes de tourada valem uma vida inteira. Mas o que vale mesmo é a conversa com três psicanalistas na sequência - Silvia Sato e os mediadores Eduardo Marchesan e Renata Perche. O inconsciente, a gente sabe, sempre tem muito a dizer.
Domingo, 29, a Casa de Francisca faz um intensivão de programação junina, boa parte dela gratuita no largo, porão e salão. O dia começa com o novo espetáculo da Orquestra Modesta “Arraiá Pequenininho” (adultos pagam, mas crianças não) e termina com nada mais nada menos que o Baile da Mana Flor convidando MãeAna seguida de Forró das Minas — esses sim, 100% gratuitos. No meio do caminho tem Caravana Lúdica, comidas, jogos. Vai ser lindo demais, não percam.
É isso. Vamos pulando as fogueiras reais e imaginárias. Bota um pouquinho de milho, amendoim, quentão nessa vida besta.
Ótima semana para nós,
Gabriela Longman
Lígia Ishida
Editoras do Guia Orbit